Meu tão veloso dizer
Salpica fugaz
Um numinoso prazer
Sem ser mas ter
Numa parte do corpo
Um doer luminoso
Que...
Não. Não posso dizer.
Ter no pescoço um poço,
Na língua um osso
E o fosso escuro
Repleto de meias palavras,
Metáforas santas
Que o esqueleto tão humano
Não ousa querer.
Tenro sofrer
Quasidivino
E terreno demais para crer.
Prefiro estender a dura língua,
Pingá-la na tinta
E ver no papel escorrer
Uma forma profana de versos.
Aí, então, posso saber
Que falei de amor.
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